Na sequência da publicação do diploma que regulamenta o Estado de Emergência, Decreto 08/2020, a Associação Empresarial de Cambra e Arouca – AECA não pode deixar de manifestar a sua preocupação sobre o profundo impacto negativo das medidas apresentadas nos sectores do comércio e serviços ao consumidor.

A AECA percebendo a necessidade de se adotarem medidas de contenção da pandemia, reage negativamente à decisão do Governo de decretar a “proibição de circulação, nos concelhos determinados com risco elevado (onde se incluem os concelhos de Arouca e Vale de Cambra) em espaços e vias públicas aos sábados e domingos entre as 13h00 e as 05h00”. Esta decisão irá ter graves consequências no comércio e restauração e na economia portuguesa em geral. Apesar de os restaurantes não terem de fechar portas, esta fase  não deixa de ser um “encerramento de porta aberta” visto os restaurantes continuarem abertos, mas completamente vazios.

A AECA concorda que as questões de saúde pública devam estar na primeira linha das prioridades, mas vê esta situação com muita preocupação. Não se coloca em causa as medidas anunciadas pelo Governo, mas também não tem competências técnicas para dizer se são ou não adequadas. Acredita que são medidas que devem ser tomadas, agora é preciso acompanhar estas medidas com apoios à economia.

Os dados económicos indicam quebras enormes na faturação. Depois de seis meses perdidos, o setor da restauração tinha esperança no último trimestre de 2020. As medidas agora conhecidas, vieram acrescentar ainda mais dificuldades, imprevisibilidade e incertezas ao negócio.

Toda a cadeia da economia está “inflamada”, porque as empresas dependem dos clientes para poderem vender, faturar e pagar a fornecedores e despesas fixas, mas sem ou com poucos rendimentos é difícil.

Devido a perdas abruptas parciais ou totais de faturação, as empresas estão com dificuldades em pagar a fornecedores e outras despesas fixas, nomeadamente os salários dos trabalhadores.

Houve uma quebra abrupta da faturação, passando quase ou mesmo para zero de um momento para o outro.

As empresas obrigadas a fechar, como neste caso concreto,  comércio, restauração, deixaram de faturar, e, as que continuaram a funcionar viram a atividade, os clientes e as vendas diminuírem drasticamente.

As empresas com dificuldades em pagar salários, muitas, aderiam ao “lay-off”.

As medidas de apoio às empresas anunciadas pelo Governo, são insuficientes (permitem injetar alguma liquidez nas empresas a curto prazo e não resolvem o problema a médio e longo prazos, porque as empresas endividam-se para se financiar e terão de pagar as dívidas mais tarde).

A AECA lamenta que, uma vez mais, os textos legislativos não sejam claros, com discrepâncias entre as mensagens políticas e os textos legais, criando total confusão.

A AECA está convencida que, a manterem-se estes níveis de restrições muitas empresas do comércio e serviços vão encerrar ou reduzir o seu quadro de pessoal. Milhares de trabalhadores vão para o desemprego. As medidas de apoio, recentemente anunciadas pelo Governo, pouco impacto terão se não forem ampliadas para compensar as perdas sucessivas de vendas. Estas medidas de apoio devem ser de concretização imediata, de acesso simples e serem extensivas ao conjunto das micro, pequenas e médias empresas dos sectores afetados.

A AECA auscultou os seus associados do setor. Os empresários da restauração apelam para o alargamento da hora de almoço dos sábados e domingos até às 15h. (Trabalhar até às 13h não é rentável). O sábado costuma ser o melhor dia da semana em termos de faturação e movimento. Agora com o inverno e com o frio, poucos clientes querem ir para a esplanada, dentro dos estabelecimentos há menos mesas e menos lugares. Os empresários apelam também à permanência do serviço de Take Away. Alertam ainda para a necessidade de maior fiscalização, infelizmente, ainda há estabelecimentos que não cumpre as recomendações de segurança da DGS.