Organizada pela AECA – Associação Empresarial de Cambra e Arouca, a Conferência decorreu a 27 de setembro durante a Feiras das Colheitas’24, no espaço da “Exposição Empresarial e Empreendedorismo”, realizada em parceria com o Município de Arouca e o AEA – Agrupamento de Escolas de Arouca, visou fomentar o debate sobre a importância de um ensino profissional mais qualificado e ajustado às necessidades das nossas empresas e da região.
O evento contou com a participação dos representantes das entidades organizadoras, empresários, estudantes e as OERN e OERC, Ordens dos Engenheiros das regiões do Norte e Centro, respetivamente.
Foram partilhadas algumas reflexões cruciais para o desenvolvimento da nossa comunidade e da nossa economia, no sentido de valorizar o ensino profissional.
Carlos Brandão, Presidente da Direção da AECA começou por salientar que “o mundo do trabalho está a mudar a uma velocidade sem precedentes, e a educação tem de acompanhar essa evolução, preparando os jovens para os desafios que enfrentarão. A questão não é apenas sobre adquirir conhecimento, mas sim sobre a aplicação prática desse conhecimento no mundo real”.
Uma das maiores vantagens do ensino profissional é a sua forte ligação ao mercado de trabalho. Os cursos são desenhados em parceria com empresas e organizações do setor económico correspondente, garantindo que os alunos adquiram as competências que são realmente valorizadas pelos empregadores.
Atualmente as empresas procuram cada vez mais jovens que estejam preparados para o trabalho prático, e o ensino profissional é a via mais direta para alcançar essa preparação. Muitos setores industriais exigem habilidades técnicas específicas, e os alunos que passam pelos cursos profissionais já saem prontos para aplicar o que aprenderam. Conhecem as ferramentas, os processos e a realidade do mercado.
Quem opta pelos cursos profissionais tem a oportunidade de aprender fazendo. Isso significa que, quando entram no mercado de trabalho, já estão familiarizados com as tarefas e desafios diários, o que lhes permite progredir muito mais rapidamente do que aqueles que tiveram uma formação apenas teórica. Os empresários reconhecem o valor de alguém que chega ao mercado com uma bagagem prática. Estes jovens trazem competências que são imediatamente úteis para a empresa, reduzindo o tempo e os custos de formação. São trabalhadores que já sabem operar máquinas, usar software técnicos, interpretar esquemas ou projetos, e isso é uma vantagem competitiva.
Bento Aires, Presidente da OERN referiu a importância da formação de base tecnológica de suporte ao equilíbrio das organizações e da sua ligação ao território como forma de captar e ficar o talento do território. Apelou ainda à necessidade que os jovens estudantes tem de encontrar o seu “super poder”, explorá-lo e trabalharem nessas áreas, deixando para trás mitos e medos.
É preciso desmistificar o estigma do ensino profissional. Ainda existe uma ideia preconcebida de que os cursos profissionais são para aqueles que ‘não conseguem’ seguir o ensino regular. Esta ideia está ultrapassada e é injusta. Os alunos dos cursos técnicos não são ‘menos capazes’; pelo contrário, estão a desenvolver competências essenciais que lhes dão uma enorme vantagem no mercado de trabalho, uma mais rápida adaptação ao mercado de trabalho, por exemplo. São capazes de apresentar soluções mais rápidas e eficazes. A experiência prática permite-lhes lidar melhor com situações reais.
Os estudantes do ensino profissional podem prosseguir os estudos no ensino superior, se assim o desejarem. Aliás, com a experiência técnica acumulada, muitos destes acabam por destacar-se nos cursos superiores, pois têm uma base prática sólida que complementa o conhecimento teórico.
Amélia Rodrigues, diretora do AEA partilhou “ o sucesso dos cursos profissionais existentes neste agrupamento, salientando que os jovens que seguem o ensino profissional apresentam taxas de empregabilidade muito elevada. Estão todos a trabalhar. Muitas são as empresas que oferecem estágios aos alunos e que resultam em contratos de trabalho após a conclusão do curso”.
Cláudia Oliveira, Vice Presidente do Município de Arouca “referiu que o Município e o Agrupamento têm trabalhado em conjunto, envolvendo a Área Metropolitana do Porto e a AECA, para valorizar a aposta no ensino profissional, mostrando que é um caminho de formação de qualidade para o acesso a profissões. Deve continuar a ser aposta a divulgação desta via de ensino, para que os jovens – e as famílias – possam decidir o rumo do futuro em consciência e na posse de toda a informação”.
É importante o reconhecimento do valor do ensino secundário profissional dentro das escolas, dando prioridade à empregabilidade e à valorização profissional na oferta formativa deste tipo de ensino.
É importante que os pais e encarregados de educação confiem nos cursos profissionais como uma opção viável e promissora para os educandos.
Como nota de encerramento, Carlos Brandão apela aos pais que “não tenham medo de apoiar os filhos na escolha do ensino profissional. Eles podem estar a construir o futuro em setores dinâmicos e essenciais para o desenvolvimento do país. Acreditamos que a junção do ensino técnico com a prática empresarial é a chave para formar os profissionais de amanhã. A AECA estará sempre pronta para apoiar estas iniciativas, porque sabemos que é por aqui que passa o futuro do nosso tecido industrial.”
A moderação desta conferência esteve a cargo de Isabel Lança, Presidente da OERC que reitera que “a formação profissional pode ser motivadora para os jovens que querem iniciar uma carreira de sucesso, partindo duma vertente prática, ganhando competências para continuar a formação e progressão, com uma realização diferenciada”.